Por: Izaque Dias de Abreu Júnior

Na área de Cana Brava, entre 1952 e 1995, foi fundado o povoado de São Pedro dos Cacetes, um lugar próspero com muitos agricultores. Entre os moradores, destacavam-se o senhor Martins Dias de Abreu, conhecido como Martins Garimpeiro, e seu filho Izaque Dias de Abreu, que trabalhava na fabricação de móveis de madeira. O povoado contava com dois templos religiosos, um católico e outro da Assembleia de Deus. São Pedro dos Cacetes era dividido ao meio por um lago, sendo São Pedro de um lado e os Cacetes do outro.
Em
1992, os índios guajajara protestaram contra a permanência de 511
famílias na aldeia, interrompendo o trânsito na rodovia BR-226.
No
dia 18 de julho de 1995, o administrador da Funai, José Dilamar Pompeu,
de 30 anos, afirmou que os índios guajajara ameaçavam invadir o povoado
de São Pedro dos Cacetes, no Maranhão, e retirar "de qualquer maneira"
as 75 famílias de agricultores que ainda ocupavam a aldeia indígena, que
já estava demarcada. Na área, viviam cerca de 3.700 índios em uma
extensão de 130 mil hectares, equivalente à área da cidade de São Paulo.
Segundo
Pompeu, os guajajara planejavam invadir o povoado porque o governo do
Estado não havia retirado as famílias no prazo prometido, que se
encerraria no dia seguinte. O superintendente para Assuntos Indígenas do
governo do Maranhão, coronel José Ribamar Monteiro, afirmou no dia
anterior que a situação estava "sob controle" e que as famílias
deixariam a aldeia dentro de duas semanas. Segundo Monteiro, elas seriam
realocadas na gleba Remanso, em lotes de 13 hectares. As casas seriam
construídas por meio de um mutirão, com recursos do Banco Mundial no
valor de R$ 377 mil. Também estavam sendo providenciadas estradas, água e
energia elétrica para a área.
Atualmente,
São Pedro dos Cacetes é uma reserva indígena. O povoado foi tomado
pelos índios em 1995, logo após a chegada ao governo do Estado de
Roseana Sarney. Ela procurou descentralizar toda a população da
localidade para o novo povoado, hoje conhecido como Remanso, que fica a
18 km de Grajaú, no Maranhão. O povoado Remanso, situado no município de
Grajaú, Maranhão, tem população constituída por famílias assentadas
oriundas de São Pedro dos Cacetes. Hoje, São Pedro dos Cacetes é uma
aldeia.
No
passado, eu, Izaque Dias de Abreu Júnior, e meu irmão Lindonjonso dos
Santos Abreu, frequentávamos o Colégio Sirino Rodrigues, onde tínhamos o
professor Gonçalo Correia Furtado, conhecido como Gonçalinho, como
nosso professor. Todos os dias, após as aulas, íamos para a parede do
açude, onde tomávamos banho no lago que fazia limites entre os
municípios de Grajaú e Barra do Corda. Nessa época, São Pedro pertencia a
Grajaú, enquanto os Cacetes pertenciam a Barra do Corda.
Vídeo feito por ex moradores
Durante minha infância, eu costumava ir para os Cacetes, uma região específica do povoado, onde trocava cabides de pendurar toalhas por galinhas. Essa prática não era comum entre os moradores, mas meu pai, Izaque Dias de Abreu, era habilidoso na confecção desses cabides e era ele quem os produzia.
No entanto, ao longo dos anos, ocorreram mudanças significativas no Povoado São Pedro dos Cacetes. Hoje, ele se tornou uma aldeia indígena, onde os índios tomaram posse do povoado. Essa transformação reflete a luta e a resistência dos povos indígenas em recuperar suas terras e preservar sua cultura e tradições ancestrais.
A presença dos índios na aldeia de São Pedro dos Cacetes traz consigo uma nova dinâmica e uma valorização da cultura indígena. Os costumes, línguas, rituais e modos de vida tradicionais são preservados e transmitidos de geração em geração. A comunidade indígena busca manter viva sua identidade, fortalecendo sua conexão com a terra e com suas raízes.
Vídeos feito por ex moradores
FONTE: FOLHA DE SÃO PAULO
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HISTÓRIA